Samba sem conservantes nem aditivos. Curtido em madeira nobre, temperado com o perfume sublime do couro. Ao sorvermos este Samba de gole em gole, incensamos nosso espírito que vagueia rumo à felicidade suprema. Bebam, e sejam eternos.



domingo, 26 de setembro de 2010

Há 10 anos, o Violão Vadio emudeceu

Iniciamos amanhã a primeira década do resto das nossas vidas sem a presença física do músico Baden Powell.
No último 26 de agosto, a Rádio Samba de Alambique homenageou a data de nascimento do imortal compositor. Hoje faz o tributo ao maior violonista do mundo em todos os tempos.
Do Baden Powell você pode ler muitas histórias aqui.
E muitas outras há de ler no decorrer dos próximos dias.
A música favorita de Baden era Refém da Solidão, feita em parceria com Paulo César Pinheiro.

Em 1969, Baden se divorciou de Teresa Drummond, com quem vivia há quatro anos.
Dessa sua fase conturbada brotaram sambas colossais.
Paulo Cesar Pinheiro, então com 20 para 21 anos, já estava habituado, desde seus 17 anos, a converter em palavras o que Baden queria dizer pelas pontas dos dedos. Foi deste jeito que nasceu um dos sambas mais sólidos da história da nossa música brasileira. Refém da Solidão foi gravado pela primeira vez em 1970, por Elizeth Cardoso.
Ouça esta maravilha na voz da eterna Elizeth acompanhada pelo violão do próprio criador, num programa da TV Globo em 1986. Enquanto a Divina canta, o violão vadio de Baden não deixa uma única molécula do ar inteira. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Em Nome do Pai, do Filho e...

Alambiqueiros, bom dia!
A rapaziada do grupo Em Nome do Samba pisará o terreiro do CCPC com um repertório que passeia por Cartola, os 4 Paulos (o da Portela, o da Viola, o Vanzolini e o Pinheiro), pelos 3 Wilsons (o Batista, o Moreira, e o Das Neves).
Tem também Adoniran, Candeia, as Cristinas (Teresa e Buarque), Zé Kéti, Elton Medeiros, Monarco, Donga, Ismael e Noel, os Chicos (o Buarque, o Santana), etc e tal.
Venham conferir a bagunça que essa rapaziada faz hoje, a partir das 21h na
Rua General Jardim, 269.
A entrada é pra ninguém reclamar - R$ 5,00.
A Rádio do Alambique transmite ao vivo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Butecagem com Discotecagem

Por Ary Marcos

Alambiqueiros de todas as Ordens e Credos!
Hoje, desde as 9h (um pouco mais cedo que o habitual) está rodando na Rádio Samba de Alambique uma programação para embebedar todos os sentidos.
Esta 5ª-feira está exclusivamente dedicada a Lupicinio Rodrigues, que completaria 96 anos, e Zé Kéti, que faria 89.
Logo mais à noite, o Centro Cultural Popular Consolação (CCPC) abre suas portas e o coração para quem quiser chegar com seu instrumento e montar a Roda.
Estaremos também fazendo a Butecagem com Discotecagem. O amigo Alambiqueiro escolhe seus Sambas e Choros preferidos, e a gente Destampa a Garrafa com o maior prazer na Radio do Alambique, para jorrar as Cachaças ao vivo para toda a Galáxia.
A nossa confraternização sonora começa às 20h, e a entrada é gratuita.
Ah sim!, cerveja sibericamente gelada e cachaçinhas que dizem “Uai, sô!!!”.

O apagar das velas de Zé Keti na Boca do Lixo paulistana

Zé Kéti em foto de Orlando Brito


Por David da Silva

Aniversariante do dia, José Flores de Jesus, o monumental Zé Kéti, passou os últimos oito anos de sua vida entre os butiquins e puteiros conhecidos como Boca do Lixo, no centro da cidade de São Paulo.
O repórter fotográfico Orlando Brito registrou o sambista imortal quando este já estava com 70 anos de idade. O fotógrafo contou no site do jornalista Claudio Humberto como se deu o encontro:
“Estive com Zé Kéti em 1991. Fui fotografá-lo para o livro “Senhoras e Senhores”, parte de uma bolsa que ganhei da Fundação Vitae. Foi em 1991, quando ele decidiu mudar-se para São Paulo. Morava de favor no quartinho de um minúsculo apartamento da Rua Augusta, cedido por uma amiga que batalhava até a madrugada. Durante o dia, estendia na cama o paletó xadrez para desamarrotá-lo enquanto lustrava os sapatos. Por volta da meia noite saía para os botequins da Boca do Lixo, onde cantava para os boêmios as músicas que compôs, em troca da sobrevivência.”

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hoje é dia de Santo Aldir

Foto: Eduardo Goldenberg
Agnóstico, mesmo assim acredito que há seres humanos predestinados à santificação em vida.
O compositor Aldir Blanc é um deles.
Quando ele morrer não vai pro céu, “mas já não vivo no chão”, afirmou. E disse isso em forma de samba, que é a melhor maneira de se dizer as coisas.
Hoje festejando 64 anos, Aldir Blanc é homenageado com programação exclusiva na Radio Samba de Alambique.
A programação começou às 10h da manhã e vai até o último freguês.
Clique na radiola ao lado, e boa viagem.

Sirvo aqui, como petisco aos alambiqueiros de todos os quadrantes, uma das raras composições onde Aldir Blanc fez sozinho a letra e a melodia de um samba.

Mãos de Aventureiro

(Aldir Blanc)

Eu pensei que pudesse largar o batuque e a Brahma
Chegar cedo em casa, vestir o pijama
Ir cedo pra cama, pra quando acordar
Sorrindo fazer teu café, te levar de surpresa
Regar o jardim, voltar pra empresa
Pra teres um dia orgulho de mim

Ai, meu Deus...

Mas a tarde começa a cair e eu perco o sossego
Sentir bater no meu sangue de negro
O chamado do samba e do botequim

Quando volto finges dormir
E manténs no semblante completa inocência
Mas a minha vista - apesar de turvada -
vai além da aparência
Minhas mãos de rude aventureiro
Vão em busca do teu travesseiro
E a fronha molhada me diz que choraste outra ausência